Envelhecer

Sugestão de música: “Stay”, de Kenya Grace
ou “Someone Else”, de Kenya Grace

“Todas as lamúrias e o mesmo propósito. Ao longo dos anos, reclama de um jeito ou de outro, de solidão.

Solidão, porque não há amizades. Solidão, porque não há família. Solidão, o corpo quente.

Cresce. Tenta, luta, grita. Os amigos, a família. O casamento, a companhia.

Então, sucumbe com o tempo. A visão enegrece, o casamento entristece, a amizade fenece, e a memória desvanece.

Solidão, porque não há amizades. Solidão, porque não há família. Solidão, o corpo quente.

O tempo passa tão rápido que parece até devagar para a mente.

O tempo passa tão lento que parece até veloz para o corpo.

O primeiro cabelo branco, a primeira dor, a primeira mágoa e o primeiro amor.

A memória fica, luta, ruboriza e então se esvai.

Acorda o corpo quente sozinho de novo naquela cama, sentindo saudade não sei do quê.

Presa não sei n’onde.

Não tem nem do que sentir falta. Nunca teve nada.

Todas as lamúrias contém o mesmo assunto. Vazio.

Vazio, porque não sente. Vazio, porque não vê. Vazio, porque não há.

Preenche. Tenta, luta, apazigua, esquece… Fenece…

Aí, esperança irrompe como quem dá um último suspiro.

Então, o nada.

Acorda de novo em cima da cama. Silêncio.

A liberdade é o preço a se pagar pela paz.

E o silêncio é o resultado da paz.

Ou vazio?”.

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